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domingo, 18 de outubro de 2009

O que é um bom texto?

O aluno reconhece sua organização lingüística como um texto? Sim, ele sabe reconhecer um texto, a dificuldade está em reconhecer um não texto. E tem aqueles que ainda se encontram na situação de colocar frases isoladas uma após a outra. Como podemos observar em “Texto e textualidade” de Costa Val, um bom texto vai além de páginas com começo, meio e fim, precisa-se identificar a unidade lingüística comunicativa básica.

Falar de textualidade é difícil, pois um texto envolve processos mentais, é preciso saber sobre o que se escreve e que se está escrevendo não para si mesmo, mas para outro, por isso a lógica é fundamental. Os alunos ainda se preocupam com quantidades de linhas escritas e não com a verdade de sua mensagem. Em sala de aula muitos consideram uma boa produção aquela que atende pela coerência e coesão, não enxergam as características que fazem um texto ser um texto, sete fatores apontados por Beaugrande e Dressler (1983): Coerência, coesão, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade.

Em minhas aulas, primeiro estimulo que meu aluno escreva sem bloqueios e desestímulos, depois que os textos estão prontos, coloco o aluno diante de certos questionamentos como: o que pretendo transmitir? A quem vou transmitir? Meu discurso está coeso e coerente? Estou atendendo a proposta? Assim ele fará uma segunda reescrita e uma segunda leitura. Ensino não somente a escrever, mas também a ser crítico do seu próprio texto. A chave é a revisão.

Um texto claro, compreensível, agradável, coerente, enfim, bem escrito é o que todo professor deseja que seus alunos sejam capazes de produzir. No entanto, uma das maiores frustrações para quem leciona Língua Portuguesa é justamente perceber que erros se repetem, apesar do empenho ao corrigir os textos. A causa dessa dificuldade pode estar na forma como é encaminhada a correção. O problema da revisão é que muitas vezes eles apenas fazem uma cópia mecânica do seu próprio texto. Sempre oriento que os estudantes a distanciar-se de sua produção. Eles devem se colocar na posição de leitores, avaliando se o que foi escrito está compreensível. Trabalhos em dupla, em que um lê o que o outro redigiu, ajudam a estimular esse tipo de percepção.

Procedimentos básicos adotados nesse momento podem solucionar o problema. Uma das primeiras práticas a seguir, é fazer a revisão na presença do autor da redação. Quando o aluno recebe um trabalho corrigido, olha a nota e não dá a devida atenção aos erros.
Igualmente importante é determinar o que corrigir. Apenas apontar erros ortográficos e gramaticais não é o bastante. A gramática não deve ser deixada de lado, mas é preciso considerar o conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto. Estas mencionadas nas leituras de referência “Costa Val”.

Como aprimorar? Revisar é parte fundamental do processo da escrita. Estimulo esse hábito e tento garantir os instrumentos necessários para que cada um assuma a responsabilidade pela tarefa. O segredo é ensinar algumas operações básicas de revisão, como cortar palavras ou trechos excessivos, substituir expressões vagas ou inadequadas, acrescentar elementos para tornar pensamentos mais claros, inverter termos ou sequências para conferir maior expressividade ou organizar mais claramente as idéias. Meus alunos devem ser capazes de identificar imperfeições nos textos (o que não é nada fácil), refletir sobre elas e buscar soluções. O aperfeiçoamento da escrita vem com o tempo, à medida que os alunos incorpora um bom repertório de recursos lingüísticos. Para tanto, sempre estamos lendo bons textos representativos do gênero que está sendo trabalhado em classe. Há sempre uma cadeira ao lado da minha para que o aluno ali sente e que eu possa mostrar os desvios, comentários são necessários, senão como corrigir um erro desconhecido?
Débora Eilliar

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