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sábado, 19 de dezembro de 2009

domingo, 8 de novembro de 2009

Falando da subjetividade

Não atingimos nunca o homem separado da linguagem, segundo Benveniste, a subjetividade é entendida como “a capacidade do locutor para se propor como “sujeito”. Essa proposição como sujeito tem como condição a linguagem. “É na linguagem e pela linguagem que o homem se constitui como sujeito; porque só a linguagem fundamenta na realidade, na sua realidade que é a do ser, o conceito de ego”. Este se constituirá em sujeito quando conseguir colocar a linguagem em ação e necessariamente com parceiros. Comunicar-se com o outro e não somente se fechar em suas próprias idéias sem ser entendido. É complexo e difícil falar de todas as diretrizes que norteiam a subjetividade na linguagem, mas o importante é compreender que não podemos nos isolar, quando falada ou escrita as palavras já não nos pertencem mais, então precisamos utilizar corretamente de todos os recursos para que a comunicação seja perfeita.
Nas aulas de redação é importante que o professor coloque o aluno como sujeito, que ele aprimore algo que é tão natural que é o discurso. Nossos alunos já o fazem quando, "por exemplo", estão diante do mundo digital. Neste o sujeito e a subjetividade se estabelecem numa relação dialógica. Quando o aluno esta num MSN, ele se utiliza dos pronomes “eu, você, ele, nós, vocês, eles” coloca em ação o verdadeiro sentido de colocar-se como sujeito.
Para que os educandos entendam essa difícil relação entre escrever e escrever para o leitor, sempre proponho atividades de produções de textos que tenham participações de colegas. Como, troca de cartas entre eles; Peço que escolham um amigo e escrevam uma carta e consequentemente, que o destinatário faça a devida resposta. Através dessas trocas estes conseguem perceber as falhas que não permitiram a correta comunicação. Assim quando o colega não entende o emissor solicitado que ele refaça pensando nas adequações para ser verdadeiramente compreendido.
Com uma tecnologia avançada e rápida e normal nos depararmos com alunos que não tem paciência em escrever com todos os recursos necessários, eles apenas querem transmitir não param para pensar se o outro vai entendê-lo, estão sempre com pressa, alegam que o outro entendi sim, é comum encontrarmos textos com gírias, abreviações e novos signos, mas faço com que o meu aluno compreenda que talvez, o parceiro próximo até o entenda por fazer parte do seu convívio, porém, quando falarmos em linguagem para o leitor e não somente a um único destinatário, precisamos seguir regras, fazer entender em todos os aspectos. Mesmo escrevendo para si, e não para ser avaliado, muitas vezes ao reler o aluno não entendi o seu próprio texto, por isso é importante ele perceber a responsabilidade de escrever corretamente para que sua mensagem não se perca.

domingo, 18 de outubro de 2009

O que é um bom texto?

O aluno reconhece sua organização lingüística como um texto? Sim, ele sabe reconhecer um texto, a dificuldade está em reconhecer um não texto. E tem aqueles que ainda se encontram na situação de colocar frases isoladas uma após a outra. Como podemos observar em “Texto e textualidade” de Costa Val, um bom texto vai além de páginas com começo, meio e fim, precisa-se identificar a unidade lingüística comunicativa básica.

Falar de textualidade é difícil, pois um texto envolve processos mentais, é preciso saber sobre o que se escreve e que se está escrevendo não para si mesmo, mas para outro, por isso a lógica é fundamental. Os alunos ainda se preocupam com quantidades de linhas escritas e não com a verdade de sua mensagem. Em sala de aula muitos consideram uma boa produção aquela que atende pela coerência e coesão, não enxergam as características que fazem um texto ser um texto, sete fatores apontados por Beaugrande e Dressler (1983): Coerência, coesão, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade.

Em minhas aulas, primeiro estimulo que meu aluno escreva sem bloqueios e desestímulos, depois que os textos estão prontos, coloco o aluno diante de certos questionamentos como: o que pretendo transmitir? A quem vou transmitir? Meu discurso está coeso e coerente? Estou atendendo a proposta? Assim ele fará uma segunda reescrita e uma segunda leitura. Ensino não somente a escrever, mas também a ser crítico do seu próprio texto. A chave é a revisão.

Um texto claro, compreensível, agradável, coerente, enfim, bem escrito é o que todo professor deseja que seus alunos sejam capazes de produzir. No entanto, uma das maiores frustrações para quem leciona Língua Portuguesa é justamente perceber que erros se repetem, apesar do empenho ao corrigir os textos. A causa dessa dificuldade pode estar na forma como é encaminhada a correção. O problema da revisão é que muitas vezes eles apenas fazem uma cópia mecânica do seu próprio texto. Sempre oriento que os estudantes a distanciar-se de sua produção. Eles devem se colocar na posição de leitores, avaliando se o que foi escrito está compreensível. Trabalhos em dupla, em que um lê o que o outro redigiu, ajudam a estimular esse tipo de percepção.

Procedimentos básicos adotados nesse momento podem solucionar o problema. Uma das primeiras práticas a seguir, é fazer a revisão na presença do autor da redação. Quando o aluno recebe um trabalho corrigido, olha a nota e não dá a devida atenção aos erros.
Igualmente importante é determinar o que corrigir. Apenas apontar erros ortográficos e gramaticais não é o bastante. A gramática não deve ser deixada de lado, mas é preciso considerar o conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto. Estas mencionadas nas leituras de referência “Costa Val”.

Como aprimorar? Revisar é parte fundamental do processo da escrita. Estimulo esse hábito e tento garantir os instrumentos necessários para que cada um assuma a responsabilidade pela tarefa. O segredo é ensinar algumas operações básicas de revisão, como cortar palavras ou trechos excessivos, substituir expressões vagas ou inadequadas, acrescentar elementos para tornar pensamentos mais claros, inverter termos ou sequências para conferir maior expressividade ou organizar mais claramente as idéias. Meus alunos devem ser capazes de identificar imperfeições nos textos (o que não é nada fácil), refletir sobre elas e buscar soluções. O aperfeiçoamento da escrita vem com o tempo, à medida que os alunos incorpora um bom repertório de recursos lingüísticos. Para tanto, sempre estamos lendo bons textos representativos do gênero que está sendo trabalhado em classe. Há sempre uma cadeira ao lado da minha para que o aluno ali sente e que eu possa mostrar os desvios, comentários são necessários, senão como corrigir um erro desconhecido?
Débora Eilliar

Simplesmente escrever

Todos nós gostamos de escrever, mesmo aqueles que ainda se atropelam nas letras, o que ninguém gosta é de ser avaliado, o medo da crítica trava qualquer simples ato de escrever.

A educação enfrenta sim uma crise, se esta não existisse não estaríamos diante de tantos alunos que escrevem mecanicamente e não entendem nem sua própria coerência. É um misto de razões que nos levaram a esta situação: professores despreparados, alunos com despreparado ainda maior em relação à questão de receber conhecimento e aplicá-lo, falta de recursos e estímulo.
Como cobrar do aluno que ele simplesmente escreva? Puxando pela minha memória... Recordo o quanto era horrível quando a professora dizia “façam uma redação”, que sofrimento... Nada vinha a cabeça, não desenvolvia, simplesmente tentada adivinhar o que a professora gostaria de ler. O engraçado é que sempre amei escrever, o meu diário recebia no mínimo cinco páginas a cada desabafo, mas quando eu era cobrada eu não conseguia.

Os materiais didáticos são vastos, temos como colocar o aluno diante de diversos tipos de textos, a questão não é o material e sim como aplicá-los em sala de aula, ainda mais, diante de 45 alunos com conhecimentos e defasagens completamente diferentes. Como educadora tento estimular os alunos a escreverem sem medo das minhas críticas, sempre elogio, e os desvios da norma tento corrigir sem desestimular a criatividade.

Um bom texto é aquele que conseguimos nos expressar, que o leitor entenda a nossa mensagem, que tenha clareza, coerência e coesão. Não precisa procurar no dicionário palavras difíceis para mostrar amplo conhecimento; simplesmente escreva!
Débora Eilliar